quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Quase orgânicos: Em vez de terminar neste ano, permissão para o plantio de orgânicos com sementes tratadas com agrotóxicos terá prazo estendido

TATIANA FREITAS 
DE SÃO PAULO
Poucos consumidores sabem, mas a maioria dos alimentos orgânicos é produzida no Brasil com sementes convencionais que podem até receber tratamento com agrotóxicos.
E essa contradição, que tinha prazo de término no final deste mês, vai se estender por mais alguns anos.
Ontem, representantes do setor produtivo, das certificadoras e do governo, entre outros órgãos, concordaram em revogar o prazo previsto para a obrigatoriedade do uso de sementes orgânicas.
Hoje, o plantio com sementes convencionais é permitido caso o produtor comprove a indisponibilidade do insumo equivalente vindo de sistemas orgânicos. Pela legislação em vigor, essa prática seria proibida a partir de 19 de dezembro de 2013.
O problema é que a exceção virou regra, obrigando o governo a esticar esse prazo. O motivo: não existem sementes orgânicas em número suficiente para atender a todo o mercado, cujas vendas crescem em ritmo acelerado.
Segundo o coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Rogério Dias, o objetivo do adiamento é adaptar a legislação à realidade do setor no país.
"Se as certificadoras cobrassem as sementes orgânicas, o agricultor seria impedido de produzir muita coisa, ficando limitado às sementes que ele mesmo consegue multiplicar", diz Luiz Carlos Demattê Filho, diretor industrial da Korin Agroindustrial.
Não foi definida uma nova data para que o uso de sementes orgânicas seja obrigatório --o texto final deve ser publicado no "Diário Oficial" nas próximas semanas.
A tendência é que a transição ocorra gradualmente e siga diferenças regionais. A partir de 2016, cada Estado poderá produzir listas de variedades que terão de ser obrigatoriamente orgânicas.
A diversidade de solo e clima entre as regiões do país dificulta ainda mais o cumprimento da norma.
Representantes do setor afirmam que, para chegar a um número de variedades que atendam a todas as especificidades climáticas e regionais em escala comercial, será necessário pelo menos uma década de pesquisa.
FALTA DE INTERESSE
Poucos agricultores conseguem utilizar as sementes orgânicas desenvolvidas por eles próprios. "É preciso investir muito, durante anos, para obter um bom resultado", diz Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos.
Alexandre Harkaly, diretor-executivo da certificadora IBD, diz que é comum encontrar falhas de germinação --importante veículo de doenças nas plantações.
Por isso, é necessário que o governo estimule pesquisas nessa área. A primeira ação com esse objetivo chegou atrasada. Apesar de a legislação prever a proibição do uso de sementes convencionais desde 2008, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico lançou a primeira chamada para projetos de pesquisa em agroecologia há dois meses.
No setor privado, ainda há pouco interesse. "As grandes empresas não investem porque o mercado é muito pequeno em comparação com o total", diz Wachsner.
O mercado de hortaliças orgânicas hoje equivale a 2% do setor, segundo Warley Marcos Nascimento, chefe da Embrapa Hortaliças.
Até na estatal a prioridade é a agricultura convencional --carro-chefe das exportações brasileiras. "Dificilmente a Embrapa, ou outra empresa, vai desenvolver uma variedade exclusivamente para o cultivo orgânico."
Na UE, é obrigatório o uso de sementes orgânicas.
Fonte: Folha, 05.12.13

Líderes do agronegócio procuram Marina: 'Quando era ministra Marina não nos recebia, mas agora foi receptiva', afirma dirigente de entidade do setor

Produtores ficaram contrariados quando ela vetou a presença de Ronaldo Caiado na coalizão de Campos
DAVID FRIEDLANDERDE SÃO PAULO
Lideranças do agronegócio decidiram quebrar o gelo e buscar uma aproximação com a ex-senadora Marina Silva, hoje a aliada mais influente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato do PSB à Presidência da República.
O aceno partiu dos dirigentes da SRB (Sociedade Rural Brasileira), entidade que congrega empresários de vários segmentos do agronegócio, e que sempre encarou Marina como inimiga de seus interesses. Na semana passada o presidente da entidade, Cesario Ramalho, procurou a ex-senadora durante um evento em São Paulo para um primeiro contato.
"Disse a ela que a gente precisa se aproximar, construir uma ponte entre o agronegócio e o meio ambiente", disse Ramalho: "Quando era ministra [do Meio Ambiente] Marina não nos recebia, mas agora foi receptiva. Ela precisa entender que não somos do mal, não somos devastadores de florestas".
OPÇÃO
O interesse no diálogo com Marina já existia, mas ganhou uma dimensão maior depois que ela se juntou a Eduardo Campos. Os ruralistas de São Paulo, tradicionalmente tucanos, têm mostrado simpatia pelo governador de Pernambuco.
Embora tenham se assustado com a presença de Marina ao lado dele, agora tentam estabelecer uma convivência pacífica com a ex-senadora porque acham que ela pode ajudar Campos a ser uma opção competitiva no ano que vem.
"A eleição para presidente passa pela Marina, isso não se discute", diz Ramalho. "Vamos conversar, mas não sei no que isso vai dar. Se ela tiver nossa confiança, poderá ter nosso apoio".
O grupo de Marina demonstra interesse no diálogo, mas ainda tem dúvidas quanto aos interlocutores com quem deve conversar. Politicamente, o setor rural é muito dividido, com predomínio de um grupo refratário a suas ideias, liderado pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e aliada de Dilma Rousseff.
Marina e os ruralistas divergem em vários pontos sobre a legislação que regula a preservação ambiental. Basicamente, ela acha as regras insuficientes, enquanto eles acham tudo um exagero.
Na votação do Código Florestal, aprovado em 2012, houve confronto porque ela trabalhou para que todos os desmatadores fossem obrigados a recuperar ou compensar os estragos que fizeram, mas os ruralistas conseguiram limitar o alcance da lei.
Os produtores rurais ficaram especialmente contrariados com Marina recentemente, quando ela vetou a presença do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) no grupo de apoio à candidatura de Eduardo Campos.
O episódio forçou Campos a fazer uma peregrinação junto ao agronegócio para desfazer o mal-estar.
CAMINHO DO MEIO
"Ela tem as posições dela, nós temos as nossas. Vamos deixar o radicalismo de lado e procurar o caminho do meio", afirmou Gustavo Junqueira, conselheiro que deve assumir a presidência da SRB em 2014. O futuro dirigente, que pretende levar adiante o diálogo com a ex-senadora, acha que a tarefa é uma exigência dos novos tempos.
"O agronegócio brasileiro avançou muito nos últimos anos, e Marina, com o peso político que tem, pode nos atrapalhar ou nos ajudar muito. Ela tem reconhecimento internacional, pode abrir mercados importantes lá fora", disse Junqueira.
Fonte: Folha, 04.12.13

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Conferência do clima chega a acordo fraco: Reunião da ONU com quase 200 nações na Polônia conclui que ricos e pobres devem 'contribuir' para corte de emissões

Palavra 'compromisso' ficou de fora do documento final por divergências entre países ricos e pobres
GIULIANA MIRANDAENVIADA ESPECIAL A VARSÓVIA
Após estourar em um dia o prazo de encerramento, a 19ª conferência mundial do clima da ONU, em Varsóvia, terminou ontem com os ânimos exaltados.
A expectativa para a reunião era a definição de alguns pontos do futuro acordo internacional com metas de redução de emissões de gases-estufa, a ser assinado em 2015, na conferência do clima que será realizada em Paris.
O texto aprovado, criticado por ambientalistas por falta de ambição, tem informações básicas sobre os passos seguintes até o novo acordo mundial do clima, que deve começar a valer em 2020, em substituição ao Protocolo de Kyoto.
Um dos pontos mais significativos do texto de Varsóvia foi a menção, ainda que vaga, de uma data para a apresentação de "contribuições" para redução de emissões de gases-estufa. O documento estabelece que os países que "estiverem prontos" devem apresentar contribuições no primeiro trimestre de 2015.
O que é exatamente "estar pronto"? O texto não diz.
E o uso da palavra "contribuição" em vez de "compromisso" --troca feita após um impasse entre países ricos e em desenvolvimento-- dá margem para que se continue com a divisão de responsabilidades entre as nações, como acontece no acordo atual.
Para muitas nações em desenvolvimento, a responsabilidade pela redução de emissões deveria recair mais sobre nações ricas, levando em conta o histórico de poluição.
Os 195 países participantes concordaram também com a criação de um mecanismo para ajudar as nações mais pobres a lidarem com perdas e danos causados pelo aquecimento global.
"Avançamos em pontos importantes. O fato de termos um acerto para esses momentos que vão anteceder 2015 [a assinatura do novo acordo] é muito bom", avaliou o negociador-chefe do Brasil, José Marcondes de Carvalho.
BRASIL
A definição de regras para o financiamento da preservação de florestas, acertado na sexta-feira, foi considerada uma vitória para o Brasil. O país é um dos potenciais grandes beneficiados do acordo --só em uma negociação bilateral com a Noruega, o Brasil já tem US$ 1 bilhão acertado.
A grande proposta brasileira --que foi adotada pelos principais países em desenvolvimento (G77) e pela China--, de criação de uma metodologia para avaliar a responsabilidade de cada país para o aquecimento global, foi barrada pelas nações ricas mas, segundo os negociadores, tem chances de ressuscitar em debates futuros.
POLÊMICAS
As duas semanas de conferência tiveram protestos e surpresas. A dois dias do fim da COP, ONGs ambientalistas se retiraram do evento em protesto contra insuficiência de esforços nas negociações, em uma saída em massa sem precedentes desde que os encontros internacionais começaram, há 19 anos.
Houve ainda a greve de fome do negociador-chefe das Filipinas, para pressionar por ações concretas para ajudar os países mais atingidos pelo aquecimento global, e a demissão do presidente da COP do cargo de ministro do Meio Ambiente da Polônia.
Durante a segunda semana de conferência do clima, Varsóvia sediou também um congresso da indústria do carvão, alvo de mais protestos dos ambientalistas.

Mudanças Climáticas: Descaso ameaça produção de alimentos

ENSAIO - JUSTIN GILLIS
Para ter uma visão do que a mudança climática poderá causar ao suprimento alimentar no mundo, considere o que aconteceu na Europa em 2003, depois que uma onda de calor cortou a produção de algumas colheitas em até 30% e fez os preços dispararem.
Vários pesquisadores concluíram que a onda de calor europeia se tornou mais provável devido à mudança climática causada pelos seres humanos. Os cientistas ainda discutem sobre um período de calor e seca em 2012 nos EUA que reduziu a safra de milho. Sejam quais forem suas origens, ondas de calor como essas nos dão uma prova do que pode nos aguardar no futuro com o aquecimento global.
Entre os que estão ficando nervosos, há pessoas que passam a vida pensando de onde virá nossa comida. "Os impactos negativos da mudança climática global sobre a agricultura só deverão piorar", disse um relatório feito no início deste ano por pesquisadores da Escola de Economia de Londres e um grupo de pensadores de Washington, a Fundação para a Tecnologia da Informação e Inovação. O relatório citou a necessidade de "colheitas e sistemas de produção agrícola mais resistentes do que os que possuímos hoje no mundo".
Esse talvez seja o maior temor isolado em relação ao aquecimento global: que a mudança climática possa desestabilizar de tal modo o sistema alimentar do mundo que haja o aumento da fome ou até a penúria em massa.
O esboço de um relatório vazado da comissão do clima da ONU, conhecida como Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática, sugeriu que as preocupações do grupo aumentaram e que esse relatório, marcado para lançamento em março em Yokohama, Japão, provavelmente incluirá uma firme advertência sobre os riscos ao abastecimento alimentar.
O tom é notadamente diferente do de um relatório do mesmo grupo de 2007, que discutia alguns riscos, mas via o aquecimento global como algo que provavelmente beneficiaria a agricultura em importantes regiões de plantio.
Desde então, novas pesquisas contiveram essas suposições.
Um grupo de cientistas desenvolveu maneiras mais sofisticadas de analisar a relação entre a agricultura e o clima. Seu trabalho sugere que o aumento do calor em algumas áreas de plantação já está causando uma redução da produção, e cresce a possibilidade de efeitos muito mais sérios conforme o aquecimento global continua.
Os cientistas há muito tempo esperavam que o efeito do calor e da água sobre as colheitas pudesse ser compensado pelo o que gera o aquecimento global: o aumento acentuado de dióxido de carbono no ar. Esse gás é o principal suprimento alimentar para as plantas, e um grande corpo de evidências sugeria que o aumento atual de CO2 poderia incentivar a produção das colheitas.
Mas muitas dessas evidências vieram de testes em ambientes artificiais como estufas. Cientistas mais jovens, que insistiram em testar as colheitas em condições naturais, mais parecidas com o mundo real, descobriram que o aumento da produção, embora real, não era tão grande quanto se esperava e talvez não fosse suficiente para compensar os outros estresses do aquecimento global.
O maior temor alimentar deste século ocorreu em 2007 e 2008. Vários anos de produção agrícola ineficiente, causados em parte por extremas condições climáticas, chocaram-se com a demanda crescente. Os preços dos principais cereais mais que duplicaram, países inteiros fecharam a porta das exportações alimentícias, houve pânico de compras em muitos mercados e tumultos em mais de 30 países.
A boa notícia é que a agricultura tem uma tremenda capacidade de se adaptar a novas condições, incluindo um clima mais quente. As colheitas podem ser plantadas mais cedo e novas variedades mais resistentes ao estresse climático podem ser desenvolvidas.
Mas especialistas dizem que a pesquisa necessária para fazer tudo isso acontecer está recebendo pouco estímulo. "Sucessos do passado na agricultura deram uma falsa sensação de segurança a muitos dos que estão em cargos de decisão", disse L. Val Giddings, membro adjunto do grupo de pensadores de Washington e coautor de seu relatório. "Faz muito tempo desde que algum deles realmente sentiu fome."
Fonte: NYT, 26.11.13.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Biocentrismo - Peter Singer: Consequencialista Radical

www.abraao.com
"O valor de uma ação é atribuída pelos seus resultados/consequências e não pelos príncípios deontológicos"

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Aquecimento reiterado: Relatório do IPCC reafirma papel central do homem no aquecimento global; países precisam se preparar para as mudanças já em curso

No mês passado, atracou no porto de Roterdã, na Holanda, o primeiro navio cargueiro chinês a navegar até a Europa pelo Ártico.
Cerca de 12 dias mais curta do que pelo canal de Suez (48 dias), essa rota era impensável décadas atrás. Abriu-se graças ao aquecimento global, que tem reduzido a camada de gelo sobre o Ártico.
Entre cientistas, é cada vez maior a concordância quanto ao papel central do homem na alta das temperaturas --hipótese reafirmada no mais recente relatório do IPCC, painel do clima da ONU, com centenas de especialistas.
O documento prevê que a região ártica continuará sofrendo perda contínua de gelo. De 1979 e 2012, a área da calota do Ártico encolheu anualmente de 3,5% a 4,1%.
No cenário mais pessimista, em menos de quatro décadas a região poderá ter seu primeiro verão sem gelo marinho. Embora facilite a navegação, essa mudança pode afetar de maneira considerável o clima do planeta.
O relatório do IPCC também afirma que os oceanos estão se aquecendo de forma cada vez mais rápida, o que provoca a sua expansão.
Para o painel, é "muito provável" que o aumento médio do nível do mar tenha subido de 1,7 milímetro por ano entre 1901 e 2010 para 3,2 milímetros/ano entre 1993 e 2010. A elevação das águas poderia alcançar de 28 cm a 89 cm até 2100, ameaçando populações em áreas costeiras, sobretudo em regiões pobres, onde milhões estão em situação vulnerável.
Segundo os cientistas do IPCC, as últimas décadas foram mais quentes do que qualquer decênio anterior, desde 1850. A estimativa é que, até 2100, a temperatura da Terra possa se elevar em até 4,8° C.
Este quinto relatório é o primeiro desde 2009, quando a credibilidade do IPCC foi arranhada por casos como a divulgação de mensagens de climatologistas do painel que sugeriam manipulação de dados. Os resultados de agora são coerentes com os anteriores.
Se para a maioria dos cientistas há poucas dúvidas sobre o aquecimento, o IPCC deveria se dedicar a estudos mais frequentes, a fim de explicar, por exemplo, por que a temperatura aumentou mais lentamente nos últimos 15 anos.
Sendo peça estratégica para um acordo global sobre emissões de carbono, após o fracasso da Conferência do Clima em Copenhague (2009), é importante que o painel não deixe perguntas sem resposta.
Já estão em curso mudanças no planeta. O desafio é se preparar para elas --com medidas economicamente defensáveis-- e não fazer uma aposta que pode custar caro à espécie humana.

Fonte: Editorial Folha, 08.10.2013.

Novo relatório climático reforça visão de que homem causa aquecimento: Painel da ONU divulgou quinto relatório sobre o clima nesta sexta-feira. IPCC considera responsabilidade humana 'extremamente provável'

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC na sigla em inglês, divulgou nesta sexta-feira (26/09/2013) um novo relatório que aumenta o grau de certeza dos cientistas em relação à responsabilidade do homem no aquecimento global.
Chamado de "Sumário para os Formuladores de Políticas", o texto afirma que há mais de 95% (extremamente provável) de chance de que o homem tenha causado mais de metade da elevação média de temperatura registrada entre 1951 e 2010, que está na faixa entre 0,5 a 1,3 grau - a edição anterior falava em mais de 90%.

O documento apresentado em Estocolmo, na Suécia, em conferência científica realizada ao longo desta semana, mostra também que o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros entre 1901 e 2010, e que as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para "níveis sem precedentes em pelo menos nos últimos 800 mil anos".
O novo relatório diz ainda que há ao menos 66% de chance de a temperatura global aumentar pelo menos 2 ºC até 2100 em comparação aos níveis pré-industriais (1850 a 1900), caso a queima de combustíveis fósseis continue no ritmo atual e não sejam aplicadas quaisquer políticas climáticas já existentes.
Os 259 pesquisadores-autores de várias partes do mundo, incluindo o Brasil, estimam ainda que, no pior cenário possível de emissões, o nível do mar pode aumentar 82 centímetros, prejudicando regiões costeiras do planeta, e que o gelo do Ártico pode retroceder até 94% durante o verão no Hemisfério Norte (veja abaixo uma tabela com os eventos climáticos possíveis, segundo os cientistas).
Trata-se da primeira parte de um conjunto de dados que servirá de base para as negociações climáticas internacionais. A última versão saiu em 2007, quando o estudo rendeu ao painel de especialistas o Prêmio Nobel da Paz. O primeiro capítulo divulgado nesta sexta, de um total de três, aborda A Base das Ciências Físicas. As demais partes serão publicadas em 2014.
Fonte: Eduardo Carvalho. Do G1, em São Paulo
IPCC - arte (Foto: G1)
Aquecimento quase certo
Os cientistas tratam como fato o aumento médio de 0,85 ºC na temperatura global entre 1880 e 2012 e que é “muito provável” que desde 1950 houve redução de dias e noites mais frios e aumento de dias e noites mais quentes em todo o planeta.

A temperatura da superfície do oceano teve aumento de 0,11 ºC por década entre 1971 e 2010, e a água marinha está mais ácida, fator que pode prejudicar o ecossistema.
Um ponto considerado polêmico do documento, o chamado "hiato" da mudança climática, foi mantido. O trecho explica que houve uma "desaceleração" no aumento da temperatura global entre 1998 e 2012, com taxa de aquecimento de 0,05 ºC por década, enquanto que período entre 1951 e 2012, essa taxa era de 0,12 ºC. Para o IPCC, esta desaceleração sentida não significa uma mudança de curso no aquecimento do planeta.

Ao avaliar quatro cenários de emissões de gases, o IPCC fez previsões de que até 2100 a temperatura no planeta pode aumentar entre 0,3 ºC e 1,7 ºC (no cenário mais brando, com menos emissões e políticas climáticas implementadas) e entre 2,6 ºC 4,8 ºC se não houver controle do lançamento de gases-estufa.
O relatório aponta também que é forte a evidência de que as camadas polares e glaciares do Ártico e Antártica têm perdido massa de gelo e reduzido sua extensão oceânica.
O texto diz que são “altamente confiáveis” as informações de que a Groenlândia e a Antártica perderam massa de gelo nas últimas duas décadas e que já há migração de ecossistema terrestre para áreas onde o frio predominava (e não havia chance de sobrevivência da maioria dos tipos de vegetais).
“O mais importante é que o gelo fora da região antártica continua com ritmo acelerado de derretimento e, principalmente, as geleiras não polares (encontradas em montanhas) continuam a reduzir rapidamente e a contribuir para o aumento do nível do mar”, explicou o glaciologista brasileiro Jefferson Simões, um dos revisores da parte que aborda as massas de gelo do planeta.
“Agora nós temos muito mais dados e um detalhamento maior, que possibilita que as previsões sejam corrigidas”, complementa.
Segundo o IPCC
- temperatura global aumentou 0,85 ºC entre 1880 e 2012;
- há 95% de chance de que o homem causou aquecimento;
- concentração de CO2 no ar é a maior em 800 mil anos;
- no pior cenário de emissões, a temperatura sobe 4,8 ºC até 2100;
- no mesmo cenário, nível do mar pode aumentar 82 cm até 2100;
- gelo do Ártico pode retroceder 94% até 2100 durante o verão;
Maior emissão de gases
Um dos dados apresentados pelo IPCC aponta que foi registrado um aumento de 43% na forçante radiativa entre 1985 e 2011.
A forçante radiativa é um índice que estima impactos climáticos causados pelo desequilíbrio entre as radiações solares absorvidas pela Terra e o calor devolvido pelo planeta à atmosfera, aquecendo-a. Essa troca de energia equilibrada garante uma temperatura global estável.
No entanto, uma maior emissão de gases e aerossóis pelo homem por conta de queimadas, desmatamento e queima de combustíveis fósseis (principalmente CO2) tem elevado a forçante e, consequentemente, retido uma maior quantidade de calor no planeta.
Segundo Paulo Artaxo, físico da Universidade de São Paulo e um dos coautores do capítulo divulgado, o aumento representa a elevação das concentrações de gases de efeito estufa “que continuam a subir rapidamente”.

Mares mais altos
De acordo com o IPCC, é muito provável que o nível do mar aumente no século 21 em todos os cenários de emissões estudados pelos cientistas. A elevação seria causada pelo aumento do degelo na região da Antártica e do Ártico.

No cenário mais brando, em que há corte de emissões e políticas climáticas, o nível do mar pode subir entre 26 centímetros e 55 centímetros até 2100. Já no pior cenário, com altas emissões de gases-estufa e não cumprimento de regras para a redução delas, o nível do mar aumentaria entre 45 centímetros e 82 centímetros.
O IPCC faz a previsão também de que 95% da totalidade do oceano tem probabilidade alta de aumentar o seu nível e que 70% das regiões costeiras do planeta sofrerão com o avanço do mar.
“É importante salientar que algumas regiões do globo podem ter aumento maior que este e outras regiões aumentos menores, pois este valor é uma média global”, afirma Artaxo.
Esperamos um grande impacto deste relatório nos formuladores de políticas"
José Marengo, pesquisador do Inpe e editor do relatório do IPCC
Credibilidade em xeque
Vazamento de e-mails com conversas entre autores, debatendo possíveis exageros presentes no relatório, ou até mesmo erros cometidos, como a conclusão de que as geleiras nas montanhas do Himalaia derretiam mais rápido do que as outras do mundo e "poderiam desaparecer até 2035, ou antes” – dado que o IPCC considerou um “lamentável erro” – levantou um debate sobre a credibilidade da instituição.
O fato alimentou a opinião de céticos em relação às mudanças climáticas. Mas, para cientistas brasileiros envolvidos na elaboração do documento e ouvidos pelo G1, foram problemas pontuais que não diminuíram a “confiabilidade científica” do painel.
"Houve uma mudança na forma de trabalhar, os capítulos foram enviados para revisão internacional. Esperamos um grande impacto deste relatório nos formuladores de políticas", afirma José Marengo, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O pesquisador, que é um dos editores do capítulo divulgado, duvida que a confiabilidade científica do texto do IPCC tenha diminuído. "O fato de que há críticos por aí não significa que está errado ou cheio de problemas", disse.
“A credibilidade não é colocada em dúvida por causa de questões menores perto de milhares de aspectos acertados no relatório. Sempre é possível que pequenos deslizes ocorram em qualquer tipo de trabalho, mas isso não tira o brilho de uma extensa análise feita por milhares de cientistas”, afirmou Paulo Artaxo.
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O homem e o clima
As conclusões do novo relatório do IPCC sobre os eventos climáticos
Eventos climáticos
Já aconteceram mudanças?

O homem contribuiu para essas mudanças?
Probabilidade de que ocorram mais mudanças até o fim do século 21

Dias mais quentes ou menos dias frios na maioria das áreas terrestres
Muito provável

Muito provável
Praticamente certo

Aumento de ondas de calor
Média confiança

Provável

Muito Provável

Aumento de chuvas fortes
Provavelmente haverá mais áreas com aumento do que com diminuição. Muito provavelmente na América do Norte central

Média confiança*

Muito Provável

Aumento da intensidade ou duração das secas
Baixa confiança em escala global

Baixa confiança*

Provável (com média confiança)

Aumento na atividade de ciclones tropicais
Baixa confiança em mudanças de longo prazo*

Baixa confiança*

Mais provável que ocorra do que que não ocorra

Aumento do nível do mar
Provável

Provável*

Muito provável

* Expressa o nível de confiança dos cientistas, com base nas informações disponíveis e no grau de concordância entre os especialistas a respeito de cada tema

Relatório do painel do clima não é alarmista, é estúpido - Richard Lindzen

Climatologista do MIT questiona conclusão de cientistas das Nações Unidas e diz estar sofrendo uma perseguição acadêmica
RAFAEL GARCIADE SÃO PAULO
O climatologista Richard Lindzen não acredita que as emissões de combustíveis fósseis sejam a principal causa do aquecimento global. Conseguiu, porém, algo raro para alguém de sua opinião: teve seus estudos analisados pelo IPCC, o painel da ONU que avalia as evidências da mudança climática.
As menções a Lindzen no quinto relatório de avaliação do IPCC, porém, não são elogiosas. Seus estudos sobre mecanismos de feedback --que cancelam ou amplificam o efeito estufa-- foram citados e, logo em seguida, contestados. Falharam tentativas de reproduzir seu trabalho sobre "sensibilidade" do clima (medir quanto a Terra aquece se o nível de CO2 dobrar).
A teoria mais conhecida de Lindzen, o efeito íris, afirma que a mudança climática faria as nuvens aprisionarem menos radiação infravermelha, um feedback que cancelaria o aquecimento global.
Mas a análise de outros estudos fez o IPCC concluir que o efeito-íris não tem esse poder. Um trabalho de Lindzen sobre o assunto foi considerado "não confiável", por ter "amostragem limitada".
Em entrevista à Folha, Lindzen admite o erro, mas explica por que ainda contraria o IPCC. Alegando ser vítima de perseguição acadêmica, reconhece já ter recebido verba da indústria do petróleo, mas nega ter vínculo fixo com o setor. "Isso é tática diversionista", diz.
O sr. acredita que o último relatório do IPCC seja particularmente alarmista?
Na verdade, não. Ele é apenas estúpido. Qual o significado de um cientista esperar para ouvir o que os políticos acham que ele deve dizer?
Agora há uma demanda dos políticos para que, em cada relatório que é feito, os cientistas soem como se tivessem cada vez mais certeza. Isso foi predeterminado.
O que nós temos é uma situação na qual os modelos climáticos [ferramentas matemáticas para projetar o clima futuro] discordam das observações cada vez mais, mas o IPCC tem de concluir que eles são confiáveis, o que é simplesmente insano.
Isso tem relação com a desaceleração do aquecimento global nos últimos 15 anos. Mas o relatório afirma que essa escala de tempo não é relevante para os modelos, e que a tendência no longo prazo continua mostrando subida.
Não existe uma escala de tempo mais relevante. O que existe é que, a cada ano, a previsão se sai mal. Quando os ouvimos dizer que essa é a escala de tempo errada, estão errando o alvo, porque o fenômeno é contínuo.
Não é preocupante que as três últimas décadas tenham sido as mais quentes de todo o registro histórico?
Não. Estamos falando sobre números, certo? E eles estão tentando fazer você pensar que o planeta está esquentando. Dizem a você para não pensar em números porque números indicam que estamos falando de uma mudança pequena. Se pergunto qual tem de ser a sensibilidade do sistema para ser consistente com isso, a resposta seria, mais ou menos 1°C, para o dobro do nível de CO2.
Mas obviamente ninguém acredita que todo o aquecimento dos últimos 150 anos se deva só ao homem, então o número seria um pouco menor. Quase todo economista estudando isso chega à conclusão de que um aquecimento de 1°C ou 2°C, que significaria quadruplicar o CO2, provavelmente traria benefícios líquidos.
Se o novo relatório diz que a estimativa mínima para sensibilidade climática é menor do que costumava ser no anterior, de 2°C, ele não estaria sendo menos alarmista.
Não importa se você começa com o modelo de 1,5°C ou um modelo de 5°C, todos estão exagerando.
Por que o sr. acha que no IPCC, um painel com tantos cientistas independentes uns dos outros, todos estão errando?
Quantas pessoas estão errando? O IPCC diz a você que abriga milhares dos melhores cientistas do mundo. De onde vêm esses milhares? Só existe um punhado de pessoas estudando sensibilidade. O trabalho de tentar convencer o público de que "milhares de cientistas estão de acordo, como diabos alguém pode discordar?" é uma pista de que algo está errado.
Algumas das menções no relatório a seus estudos não são particularmente favoráveis a seu ponto de vista, sobretudo em relação a seu estudo de 2009.
O estudo de 2009 tinha um erro. É verdade. Mas há um estudo de 2011 no qual ele foi corrigido. E a resposta não se alterou. O erro não era um grande problema. O problema é que se você comete um erro que o põe contra o fluxo, eles fazem parecer que foi algo gravíssimo. Ninguém se importa em verificar se aquilo resulta em alguma diferença.
O IPCC diz que o saldo final causado por nuvens é provavelmente positivo [aquece mais o mundo, em vez de resfriar]. Isso derruba sua teoria sobre o efeito-íris?
Bem, até agora o efeito-íris já foi confirmado por quatro estudos independentes, então não estou propenso a me render e dizer que é uma idéia ruim. Há um estudo de Brian Soden e Ákos Horváth no qual eles confirmam nossa principal conclusão.
Para conseguirem publicá-lo, porém, tiveram de incluir um parágrafo dizendo o estudo parece confirmar o que eu, Ming-Da Chou e Arthur Hou [coautores] encontramos, mas é algo geralmente considerado errado. Além deles há Kevin Trenberth e John Fasullo dizendo que o que descobriram é consistente com nosso estudo, mas é claro que eles dão as referências para aquele que estava errado.
O IPCC menciona o estudo de Trenberth e colegas como não favorável aos seus resultados.
Eles tiveram um estudo que foi uma crítica, mas publicaram outro ao mesmo tempo, confirmando nosso resultado sobre o infravermelho.
Uma reclamação de cientistas como o sr. é de que as publicações científicas estão boicotando-os, mas o sr. tem publicado vários estudos...
Você está brincando? É claro que eles estão dizendo a verdade. O prática padrão com qualquer com críticas é fazer a revisão levar um ano e meio. Quando eu publiquei dois estudos no boletim da Sociedade Meteorológica Americana, ambos foram aceitos após longas revisões, mas o editor foi imediatamente demitido depois.
Isso não é apenas reflexo do consenso? Pesquisas recentes mostram que o papel humano no aquecimento global é reconhecido por algo em torno de 95% dos cientistas da área.
Sim, eu sei. E hahaha: eu estou entre os 95%, porque eles não estão fazendo a pergunta certa nessas pesquisas.
Um estudo perguntou se eles acreditavam que a atividade humana era uma causa significativa do aquecimento global, e só 5% discordaram.
Temos algum impacto, mas não significativo.
Então, nessa pesquisa o sr. estaria no lado dos 5%.
Não! A maioria das pessoas entrevistadas nessas pesquisas dizem apenas que há "alguma" [influência humana].
O sr. se aborreceu quando a Harper's publicou uma reportagem acusando-o de receber dinheiro do petróleo?
Sim, eu cobrei um cachê de palestra de US$ 5.000 uma vez, e escreveram que eu estava recebendo isso todo dia. Eu havia dito ao autor desse texto, Ross Gelbspan, que eu havia comparecido a um encontro patrocinado por uma associação energética no Canadá, e que o cachê era de US$ 5.000. O ambientalista Stephen Schneider também recebeu a mesma coisa. Havia gente de todos os lados lá.
O petróleo também bancou o Centro de Annapolis para Políticas Públicas Baseadas em Ciência, onde o sr. é membro de um conselho?
Calma lá! Já faz mais de 15 anos que isso não existe. E foi muito pouco. Até onde eu sei, não teve influência nenhuma. Não conheço nenhum cientista em atividade que se oponha ao alarmismo e seja apoiado pela indústria do petróleo ou carvão. Então, isso é uma tática diversionista. O petróleo hoje está financiando mais os alarmistas.

Fonte: Folha, 07.10.2013

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Teoria Troika da Sustentabilidade



A Teoria Troika da Sustentabilidade considera que o enredo para o presente século XXI terá em seu cerne a premissa segundo a qual seus desdobramentos estarão intimamente ligados ao suprimento civilizacional de suas demandas de água, alimentos e energia (2AE). Desse modo “A ideia de sustentabilidade tem várias dimensões e supõe a habilidade de civilizações, sociedades e organizações para perdurar no tempo e evitar o colapso. Uma noção ampla de sustentabilidade abrange as dimensões ecológica e ambiental, demográfica, cultural, social, política e institucional: Sustentabilidade ecológica: refere-se à base do processo de conhecimento e tem como objetivo manter estoques de capital natural incorporados às atividades produtivas. Pela perspectiva integral e transdisciplinar das ecologias, abrange todas as facetas nas quais elas se ramificam. Sustentabilidade ambiental: refere-se à manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas e de sua recomposição diante das interferências antrópicas. Sustentabilidade social: tem como   objetivo a melhoria da qualidade de vida humana. Implica a adoção de políticas distributivas e a universalização do atendimento à saúde, à educação, à habitação, e à   equidade social. Sustentabilidade política: refere-se ao processo de construção de cidadania e visa incorporar os indivíduos ao processo de desenvolvimento. Sustentabilidade econômica: implica uma gestão eficiente dos recursos e caracteriza-se pela regularidade de fluxos de investimento, avaliando a eficiência por processos macrossociais. Sustentabilidade demográfica: revela os limites da capacidade de suporte do território e de sua base de recursos, relacionando os cenários de crescimento econômico às taxas demográficas, à composição etária e à população economicamente ativa. Sustentabilidade cultural: relaciona-se com a capacidade de manter a diversidade de culturas, valores e práticas no planeta, no país ou em uma região. Sustentabilidade institucional: trata-se de fortalecer engenharias institucionais capazes de perdurar no tempo, adaptar-se e resistir a pressões. Sustentabilidade espacial: busca equidade nas relações inter-regionais. Além dessas, enfatizamos a sustentabilidade do abastecimento, que diz respeito à sustentabilidade alimentar, hídrica e energética. Sem o suprimento sustentável de água, alimentos e energia, não se sustentam pessoas, cidades, sociedades e civilizações.” (RIBEIRO, 2009, p. 65-66).

Teoria Troika da Sustentabilidade


A Teoria Troika da Sustentabilidade considera que o enredo para o presente século XXI terá em seu cerne a premissa segundo a qual seus desdobramentos estarão intimamente ligados ao suprimento civilizacional de suas demandas de água, alimentos e energia (2AE). Desse modo “A ideia de sustentabilidade tem várias dimensões e supõe a habilidade de civilizações, sociedades e organizações para perdurar no tempo e evitar o colapso. Uma noção ampla de sustentabilidade abrange as dimensões ecológica e ambiental, demográfica, cultural, social, política e institucional: Sustentabilidade ecológica: refere-se à base do processo de conhecimento e tem como objetivo manter estoques de capital natural incorporados às atividades produtivas. Pela perspectiva integral e transdisciplinar das ecologias, abrange todas as facetas nas quais elas se ramificam. Sustentabilidade ambiental: refere-se à manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas e de sua recomposição diante das interferências antrópicas. Sustentabilidade social: tem como   objetivo a melhoria da qualidade de vida humana. Implica a adoção de políticas distributivas e a universalização do atendimento à saúde, à educação, à habitação, e à   equidade social. Sustentabilidade política: refere-se ao processo de construção de cidadania e visa incorporar os indivíduos ao processo de desenvolvimento. Sustentabilidade econômica: implica uma gestão eficiente dos recursos e caracteriza-se pela regularidade de fluxos de investimento, avaliando a eficiência por processos macrossociais. Sustentabilidade demográfica: revela os limites da capacidade de suporte do território e de sua base de recursos, relacionando os cenários de crescimento econômico às taxas demográficas, à composição etária e à população economicamente ativa. Sustentabilidade cultural: relaciona-se com a capacidade de manter a diversidade de culturas, valores e práticas no planeta, no país ou em uma região. Sustentabilidade institucional: trata-se de fortalecer engenharias institucionais capazes de perdurar no tempo, adaptar-se e resistir a pressões. Sustentabilidade espacial: busca equidade nas relações inter-regionais. Além dessas, enfatizamos a sustentabilidade do abastecimento, que diz respeito à sustentabilidade alimentar, hídrica e energética. Sem o suprimento sustentável de água, alimentos e energia, não se sustentam pessoas, cidades, sociedades e civilizações.” (RIBEIRO, 2009, p. 65-66).

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Teoria Tróika da Sustentabilidade


A Teoria Tróika da Sustentabilidade, denominação cunhada por  SANTOS GRACCO (www.abraao.com/artigos/administrador) ao defender que o enredo para o presente século XXI será a premissa segundo a qual os desdobramentos de seus acontecimentos estarão intimamente ligados ao suprimento civilizacional das demandas de àgua, energia a alimentos. Desse modo “A ideia de sustentabilidade tem várias dimensões e supõe a habilidade de civilizações, sociedades e organizações para perdurar no tempo e evitar o colapso. Uma noção ampla de sustentabilidade abrange as dimensões ecológica e ambiental, demográfica, cultural, social, política e institucional: Sustentabilidade ecológica: refere-se à base do processo de conhecimento e tem como objetivo manter estoques de capital natural incorporados às atividades produtivas. Pela perspectiva integral e transdisciplinar das ecologias, abrange todas as facetas nas quais elas se ramificam. Sustentabilidade ambiental: refere-se à manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas e de sua recomposição diante das interferências antrópicas. Sustentabilidade social: tem como  objetivo a melhoria da qualidade de vida humana. Implica a adoção de politicas distributivas e a universalização do atendimento à saúde, à educação, à habitação, e à  equidade social. Sustentabilidade política: refere-se ao processo de construção de cidadania e visa incorporar os indivíduos ao processo de desenvolvimento. Sustentabilidade econômica: implica uma gestão eficiente dos recursos e caracteriza-se pela regularidade de fluxos de investimento, avaliando a eficiência por processos macrossociais. Sustentabilidade demográfica: revela os limites da capacidade de suporte do território e de sua base de recursos, relacionando os cenários de crescimento econômico às taxas demográficas, à composição etária e à população economicamente ativa. Sustentabilidade cultural: relaciona-se com a capacidade de manter a diversidade de culturas, valores e práticas no planeta, no país ou em uma região. Sustentabilidade institucional: trata-se de fortalecer engenharias institucionais capazes de perdurar no tempo, adaptar-se e resistir a pressões. Sustentabilidade espacial: busca equidade nas relações inter-regionais. Além dessas, enfatizamos a sustentabilidade do abastecimento, que diz respeito à sustentabilidade alimentar, hídrica e energética. Sem o suprimento sustentável de água, alimentos e energia, não se sustentam pessoas, cidades, sociedades e civilizações.” (RIBEIRO, 2009, p. 65-66).

quarta-feira, 27 de março de 2013

Teoría de la Troika de la Sostenibilidad


La Teoría de la Troika de la Sostenibilidad, el nombre acuñado por SANTOS GRACCO (www.abraao.com / articles / administrador) para defender la historia de este siglo es la premisa de que el desarrollo de sus eventos están estrechamente relacionados con el suministro de la civilización la demanda de agua, alimentos e energía. Así, "La idea de la sostenibilidad tiene muchas dimensiones y asume la capacidad de las civilizaciones, sociedades y organizaciones a las prolongadas y evitar el colapso. Un concepto amplio de la sostenibilidad abarca aspectos ambientales y ecológicos, demográficos, culturales, sociales, políticos e institucionales: la sostenibilidad ecológica: se refiere al proceso de la base de conocimientos y su objetivo es mantener existencias de capital natural incorporado en las actividades productivas. Desde la perspectiva de la ecología integral y transdisciplinario, cubre todas las facetas en las que se ramifican. Sostenibilidad ambiental: Se refiere al mantenimiento de la capacidad de carga de los ecosistemas y su restauración en caso de interferencias antropogénicas. Sostenibilidad social: tiene por objeto mejorar la calidad de la vida humana. Implica la adopción de políticas redistributivas y la atención universal de la salud, la educación, la vivienda y la equidad social. Sostenibilidad política: se refiere al proceso de construcción de ciudadanía y tiene como objetivo incorporar a las personas al proceso de desarrollo. Sostenibilidad económica: implica la gestión eficiente de los recursos y se caracteriza por la regularidad de los flujos de inversión, la evaluación de la eficiencia de los procesos macrosociales. Sostenibilidad demográfica: revela los límites de la capacidad de carga del territorio y sus recursos, relacionando los escenarios de crecimiento económico a tasas demográficas y la composición por edad de la población económicamente activa. Cultural sostenibilidad: se refiere a la capacidad de mantener la diversidad de culturas, valores y prácticas del planeta, en el país o en una región. Sostenibilidad institucional: es capaz de fortalecer la ingeniería institucional resistir, adaptarse y resistir las presiones. Sostenibilidad Espacio: buscando la equidad en las relaciones interregionales. Además de estos, hacemos hincapié en la sostenibilidad del suministro, la sostenibilidad con respecto a los alimentos, el agua y la energía. Sin un suministro sostenible de agua, alimentos y energía, no tienen gente, ciudades, sociedades y civilizaciones "(Ribeiro, Mauricio Andrés Origins desarrollo sostenible de la minería en Brasil:.. Ideas y prácticas en:. PADUA, José Augusto (ed. .) El desarrollo, la justicia y el medio ambiente Belo Horizonte: Editora UFMG, São Paulo: Peirópolis, 2009, p 65-66).

Тройка устойчивости


Теория Тройка устойчивости, название придумано SANTOS GRACCO (www.abraao.com / статьи / администратор), чтобы защитить сюжет для этого века является той предпосылке, что раскрытие его события тесно связаны с поставками цивилизационные спрос на воду, энергию пищи. Таким образом, "идея устойчивости имеет много аспектов и предполагает способность цивилизаций, обществ и организаций к затяжным и избежать коллапса. Общая концепция устойчивости включает в себя экологические и экологические аспекты, демографические, культурные, социальные, политические и институциональные: Экологическая устойчивость: относится к процессу базу знаний и направлена ​​на поддержание запасов природного капитала включены в производственную деятельность. С точки зрения интегральной и трансдисциплинарного экологии, охватывает все аспекты, в которых они ветвятся. Экологическая устойчивость: Относится к поддержанию пропускная способность экосистем и их восстановлением в условиях антропогенного воздействия. Социальная устойчивость: направлена ​​на улучшение качества жизни человека. Подразумевает принятие политики и перераспределения всеобщего здравоохранения, образования, жилья и социальной справедливости. Устойчивость политика: относится к процессу строительства гражданства и направлен включения лиц в процессе развития. Экономическая устойчивость: подразумевает эффективное управление ресурсами и характеризуется регулярностью инвестиционных потоков, оценка эффективности макросоциальных процессов. Демографическая устойчивость: он показывает пределы пропускной способности территории и ее ресурсной базы за счет касающиеся сценария экономического роста демографических показателей и возрастного состава экономически активного населения. Культурная устойчивость: относится к способности сохранять разнообразие культур, ценностей и практики на планете, в стране или в регионе. Институциональная устойчивость: он способен укреплять институциональной инженерии терпеть, приспосабливаться и противостоять давлению. Космический устойчивость: ищу справедливости в межрегиональных отношениях. Кроме этого, мы подчеркиваем устойчивости поставок, устойчивость по отношению к пище, воде и энергии. Без устойчивого снабжения водой, пищей и энергией, не держите людей, города, общества и цивилизации "(Рибейро, Маурицио Андрес Origins добычи устойчивому развитию в Бразилии:.. Идей и практик в:. Падуи, Жозе Аугусто (ed. ..) развития, справедливости и окружающей среды Белу-Оризонти: Editora UFMG; Сан-Паулу: Peirópolis, 2009, стр. 65-66)..

Troika Theorie der Nachhaltigkeit


Die Troika Theorie der Nachhaltigkeit, Namen SANTOS Gracco (www.abraao.com / articles / Administrator) geprägt, um die Storyline für dieses Jahrhundert zu verteidigen, ist die Prämisse, dass die Entfaltung ihrer Veranstaltungen eng mit der Versorgung der zivilisatorische verbunden Anforderungen für Wasser-, Energie-Lebensmitteln. So "Die Idee der Nachhaltigkeit hat viele Dimensionen und übernimmt die Fähigkeit der Kulturen, Gesellschaften und Organisationen, um langwierige und vermeiden Zusammenbruch. Ein umfassendes Konzept der Nachhaltigkeit umfasst Umwelt-und ökologischen Dimensionen, demografischen, kulturellen, sozialen, politischen und institutionellen: Ökologische Nachhaltigkeit: bezieht sich auf den Prozess der Wissensbasis und zielt darauf ab, natürlichen Kapitalstock zu halten eingebaut in produktive Aktivitäten. Aus der Sicht der Integral-und transdisziplinäre Ökologie, deckt alle Facetten, in denen sie sich verzweigen. Ökologische Nachhaltigkeit: Bezieht sich auf die Aufrechterhaltung der Tragfähigkeit der Ökosysteme und deren Wiederherstellung im Angesicht der anthropogene Störung. Soziale Nachhaltigkeit: zielt auf die Verbesserung der Qualität des menschlichen Lebens. Impliziert die Annahme von Politiken und Umverteilungs universellen Gesundheitsversorgung, Bildung, Wohnen und soziale Gerechtigkeit. Nachhaltigkeitspolitik: bezieht sich auf den Prozess des Aufbaus Staatsbürgerschaft und zielt darauf ab, Menschen in den Entwicklungsprozess zu integrieren. Wirtschaftliche Nachhaltigkeit: bedeutet effizientes Management von Ressourcen und wird von Ordnungsmäßigkeit der Investitionsströme gekennzeichnet, die Beurteilung der Effizienz der makrosoziale Prozesse. Demographische Nachhaltigkeit: es zeigt die Grenzen der Belastbarkeit des Territoriums und seiner Ressourcen, indem die Szenarien des Wirtschaftswachstums auf den demografischen Raten und die Altersstruktur der Erwerbsbevölkerung. Kulturelle Nachhaltigkeit: bezieht sich auf die Fähigkeit, die Vielfalt der Kulturen, Werte und Praktiken auf dem Planeten zu halten, auf dem Land oder in einer Region. Institutionelle Nachhaltigkeit: Es ist in der Lage, Stärkung der institutionellen Engineering ertragen, anzupassen und zu widerstehen Druck. Raum Nachhaltigkeit: Suche nach Gerechtigkeit in der interregionalen Beziehungen. Neben diesen, betonen wir die Nachhaltigkeit der Versorgungssicherheit, der Nachhaltigkeit in Bezug auf Nahrung, Wasser und Energie. Ohne eine nachhaltige Versorgung mit Wasser, Nahrung und Energie, nicht halten Menschen, Städte, Gesellschaften und Kulturen "(Ribeiro, Mauricio Andrés Origins Bergbau nachhaltige Entwicklung in Brasilien:.. Ideen und Praktiken. In: PADUA, José Augusto (ed. ..) Entwicklung, Gerechtigkeit und die Umwelt Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Peirópolis, 2009, S. 65-66)..